segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dons

Suprimidos gritos desafogados, suplicando carências de água oxigenada nos cabelos de Virgínia. Assim era Mafalda, escalafobética, consumidora de Brasis, Argentinas, e muita sofreguidão. Mas a vida é moinho. Mascando. Mascando Virgínia. E os jornais, todos, não cansavam de mastigar sua vida: Ela vai se casar. Assim era Virgínia. Sua vida na morte.

Virgínia amava Mafalda. Ela lembra. Lembra que tudo mudou. A donzela casou. O menino morreu. O beijo arriou, o toque escureceu, a dança virou coreografia. Pura marcação, sem sentir.

-Sente que aqui, em meu enredo, o que pulsa é a vitalidade do existir.

-Lembra que aqui dentro moram os teus moinhos de ventos, quardados numa câmera em minha cabeça.

-Mas tua vida não é mais do que espera, e teu corpo não é mais que areia?

-É tarde demais. O projétil voltou. O feitiço se virou contra mim.


Bumerangue tascar na TV, vai quebrar a tela... Que triste caminho.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Membros pragmáticos

Por Delianne Lima

Preocupação versus saudade dionisíaca. O elo entre ela e ele, ele e ela. Violinos, vinhos. Desencantos, sentimentos. Peitos na batida frenética e documental. Palavras ditas ao nada e, ao nada, retornadas. Descompassadas, descobiçadas. Transtorno, dispersão.

Garganta contornando a voz irritada em forma de gritos e gracejos perturbados. Plug in me, baby. Forget me, baby. Don’t ask me, baby. ‘Cause I just wanna listen your voice, baby.

Omissões de omissões da mais amada das mentirosas. Tudo errado, falso, é o que nos prende. Elos diabólicos, algemas desgraçadas. Dente cravado na terra não se tira. Sorriso disfarçado de olhar apaixonado. Mentira. Abraço cálido, garras nas costas. Traição. Beijo envolvente de espingardas. Acidez instantânea. Um segundo, prisão eterna.

Lembrança sem memórias verdadeiras. Histórias, imaginação. Distância sem resposta imediata. Imediatismo sem palavras. Incomunicável. Dor, dolorosa, dorsal. Saliente. Cervejas na beira de um bar na esquina da escuridão. Me deixe sozinha. Sozinha, só. Me deixa só. Moscas esverdeadas de solidão inimaginável. Preto, escuro da alma. Negritude. Coração carimbado.