quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Sinta

Era uma mulher gorda, bêbada, muito engraçada. Um menino segurava em sua mão. Devia ser o seu filho. De repente, a muher gritou, como se tivesse os órgãos mutilados, e tropeçou em uma pedra. Caiu em cima da vala. Todos os meus amigos se divertiram com a cena.

Eram seus dedos pesados, nervosos, fazendo pressão na minha pele, no meu cérebro, na minha vida. Ela dizia que eu estava nervoso demais. Tremi. Caí da cadeira.

 
Não é sangue que circula aqui. É loucura fluida.

 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Não podia deixar de ser

De repente vejo uma estrada longa, infinita, escura, levando a lugar algum. Caminho enquanto penso que aquele lugar é um lugar de transição, de chegada, de partida, de mudança de estado. De mudança. Ando, ando, com a sensação de que não vou chegar a lugar nenhum, mas ao mesmo tempo tão, tão longe!
É como se sentir engolido pelo poder surreal do acaso, essa força violenta de deslocamento, de giro e de loucura que a vida dá às vezes, ao abrir um breve parêntese em nós (e isso é encantador).

Mas vamos ao que me interessa. Nessa estrada, quando me dou conta, não são só os meus passos que eu escuto. Existe a presença de alguém junto, alguém perto, alguém que de certa forma tá sempre, sempre perto. Tão perto, a ponto de ser dentro, e de ser morada.

És tu.