terça-feira, 5 de agosto de 2008

diálogo entre periquitas

-Sabe o que é? Eu vou abrir o meu coração. Vou me despir para você.
É que na minha casa, tem umas pedrinhas, sabe? Umas pedrinhas, guardadas bem escondidinhas, em cima da sola do meu sapato. Embaixo da língua. Sabe o que é? Essas pedrinhas as vezes incomodam. Aí eu deito na minha cama, e vejo moscas. São mosquinhas, voando. Me alimento delas. Ligo o meu radinho de pilha, e me ponho a dançar e zunzunzar com elas. É um ritual cabalístico. Elas pousam na minha pele, e então fazem cocô. É aí que elas puxam com todo o cuidado, cada fio de cabelo. Elas os esticam, até me envonver num casulo. E é aí que começa toda essa história! Você pode compreender agora?

-Eu te amo.

-Como ia dizendo. Tudo começa com o casulo. E aí, adivinha o que acontece? Eu começo a sonhar... e em cada sonho mais louco, eu percebo o quanto uma pequena faísca entre pedrinhas pode mudar uma história de vida. As pedrinhas se encontram, e pum! Não é lindo? Pedrinhas no sapato podem ser tudo o que falta nessa vida. Por isso encho cada sapato de pedrinhas, assim meu andar será como os das faíscas, pelo encontro das pedras. É como dizem sobre os beijos entre gays e lésbicas... uma espécie de choque. Nunca mais encontrarei pedras no meu caminho, pois elas já estão dentro de cada tênis! Falando nisso, eu já te disse que te amo hoje?

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