sexta-feira, 11 de julho de 2008

Visualização mental

Coisas que vejo. Um risco arrepiante que sobe pela espinha percorrendo o caminho da loucura, na lataria de um belo carro cinza. Um desenho de Deus, uma mensagem de morte, o retrato mais puro e fiel da vingança. Mãos no portão, coração na mão. Lágrimas no colchão. Cabelo de boneca velha arrumado, com uma pistola na mão. Pum. O som do tiro rasga o silêncio da noite, causando um calafrio invasivo de alívio. Pega a tesoura. Corta até o último fio de sua barba nojenta. Cretino. Cospe os restos de pureza de tuas entranhas. Por dentro és cinza, escalafobético, ósseo, sem razões para amar. Sem razões para continuar vivo.

Vim aqui apenas deixar as coisas mais práticas. As pessoas te cultuam, mas te odeiam. És um estorvo na vida de todos. E não vou permitir que estrague a minha. Não mesmo. Eu sou o frio que te invade a espinha até rasgar tua garganta, sou o som estridente da garra de um leopardo riscando as tuas latas douradas.

Pega uma carona comigo. Vou te mostrar um universo cor-de-rosa, de fios de cabelo quimicamente tratados a invadir toda a tua cama. Cada fio desse cabelo canino vai te prender o coração, não deixando pulsar mais nenhuma vez; e vai dividir a tua pela, rasgando-a como um pedaço de papiro que se enrola. E todos os montes e ilhas foram tirados de seus lugares.

Pode vir. Pode cumprir a tua função. Vem me escancarar meu destino, o caminho dos espinhos das rosas verdes do meu jardim. Vem adiantar as coisas. Assim, tudo se torna mais prático. me ajuda. Preciso de ti. Eu me rendo. Vem cortar o meu cabelo. Já posso até enxergar, o ralo do esgoto ficando entupido, e os meus cabelos melancólicos invadindo toda a cidade. E tudo vai se inundar. E o teu veneno vai se voltar contra ti, barbeiro da morte, e vais se afogar no circo sangrento que tu mesmo armaste.

Enfim, em breve te reencontrarei, e cantarei pra ti minha mais nova melodia: a do ensurdecimento.

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